A rebeldia que acompanha as mulheres que levam a vida sobre duas rodas é apenas um dos ingredientes quando o assunto é moda. Além das calças justíssimas de jeans rasgado e das indispensáveis jaquetinhas de couro, existem muitas possibilidades para arrasar ao pisar fundo no acelerador de uma motocicleta. É possível sim ser, ao mesmo tempo, feminina e passar um ar de independência por onde passa. E deixar, óbvio, os homens de queixo caído!
A atitude é tudo. Só de pilotar uma moto, a mulher já é vista de outra maneira, concorda? A motoqueira... Ops! Atenção meninas: chamar de motoqueira é um pecado capital para elas. “O termo certo é motociclista. Motoqueira tem uma conotação de ser aquela condutora que não respeita as leis de trânsito, sai cortando todo mundo”, diferencia a motociclista Vanessa Soares, coordenadora do blog "Moto com Batom". Então, a motociclista sabe muito bem que sob o capacete, acompanhado de uma jaqueta e os acessórios de proteção, fica difícil diferenciar se quem está ali é homem ou mulher. Mas elas fazem questão de distinguir. “A gente procura mostrar que é uma mulher que está ali em cima. Os truques são colocar um macacão ou uma jaqueta com um corte mais marcado na cintura, roupas mais justinhas e que valorizem o corpo feminino, como as regatas e as calças jeans. Além das indispensáveis botas femininas - sem salto fino, é claro”, aponta a coordenadora.
É só se familiarizar com o ambiente das cilindradas que o look se transforma. Foi o caso da administradora hospitalar Julie M. “Antes de ser motociclista, tinha um visual mais executiva: tailleur e salto alto. Hoje, meu estilo é muito mais esportivo, capricho nas botas e nos jeans”, afirma. A gaúcha de Bento Gonçalves não economiza no estilo: pilota um motor de 1000 cilindradas e, diferente dos homens, sempre pensa no que vai usar. “A gente se preocupa com o caimento perfeito para valorizar cada parte do nosso corpo”, destaca. Segundo ela, aos poucos surgem opções de macacões de proteção adaptados ao corpo feminino, com cintura menor e quadril mais avantajado.
As cores também têm que combinar, é claro. “O preto é a cor base das motociclistas. Mas você encontra muitas opções com grafismos com tons em branco, rosa e vermelho. Desenhos com florais e traços mais finos também aparecem cada vez mais para o nosso público”, cita Julie. E a moto, claro, é parte indispensável da composição. “Geralmente, saio com uma roupa que combina com a cor da moto, que é azul e branca. Dificilmente vou usar uma peça amarela, por exemplo”, conta a piloto Cris Trentim, única mulher a disputar o campeonato paulista de Super Bike, com motores até 1000 cilindradas.
Fora das pistas, em Araraquara, interior de São Paulo, Cris também desfila com sua moto esportiva. Nesse momento, a prioridade é o conforto. “Nada de tops ou blusas que podem sair do lugar quando estiver em alta velocidade. Coloco uma calça legging, uma blusa bem justa ou até mesmo um body”, explica ela, que nos pés prefere uma bota com salto plataforma. Além de piloto, Cris é massoterapeuta e, por isso, capricha no branco. “Para cada compromisso existe um modo diferente de se vestir”, completa.
Os cabelos, claro, são preocupação, afinal de contas, deixar os fios ao vento traz os indesejáveis nós. A trança é outro hit entre as apaixonadas. “Acabei me acostumando a usar as tranças na competição. E confesso que isso se refletiu no meu visual do dia a dia”, conta Sabrina Katana, piloto do estilo Off-Road. Além de embaraçados, nos ralis de regularidade, os cabelos sofrem com a poeira. “Ao sair para a competição levo uma nécessaire enorme para dar aquele up no fim das provas. Na hora de receber a premiação, então, corro para o banheiro e tomo um banho para estar linda no pódio”, diverte-se ela, que também aposta no make leve.
Além da moda em si, o capacete é, sem dúvida, o item que mais demonstra a personalidade de quem está ao guidão. Como uma mulher prevenida, Julie pensou primeiramente na segurança do item. “Escolhi primeiro a marca, que é a melhor do mercado há dez anos. Depois busquei um grafismo que fosse bonito sem ser agressivo, e ainda inseri nele a tatuagem igual a que tenho no corpo”, descreve. Já Cris gosta de fazer mistério. “Fiz um capacete bem preto no branco. Assim, as pessoas ficam curiosas para saber quem é a mulher que está sob ele” confidencia, acrescentando que a viseira do acessório tem o vidro fumê, destilando ainda mais suspense no ar.
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